quarta-feira, 9 de março de 2011

Matutina.

Essa cidade é estranha. Proporciona-me nostalgias fora do normal. Tem um ar sinistro. Muito sinistro, chegando até a parecer amaldiçoada. Os dias são lentos e vazios. As noites são caladas e vazias. Vazio. Em contrapartida, o vazio não se manifesta em nossas mentes.  Totalmente pelo contrário. A calmaria nos obriga a pensar no pensável. E até no impensável.

O passado é evidente. As pessoas vivem incrustadas nos costumes antigos. Vivendo e revivendo o mesmo há mais de décadas. Mas isso não me incomoda, eu gosto do passado. 

Gosto de observar a disposição inexplicável do acaso dos quadros, das cortinas laranjas, dos diplomas empoeirados, do relógio que há tempos marca o mesmo horário e de tudo aquilo que compõem o cenário nostálgico e mágico daquela antiga casa.

O tempo aqui é como nos outros lugares: ou está muito quente, ou está muito frio. Desta vez, chuva não deu trégua uma única vez. Por um lado é bom, eu adoro guarda-chuvas. Sinto-me protegida de uma maneira surreal. Por outro lado é ruim, não gosto de sentir o frio corroendo os meus dedos dos pés.

A comida é de extrema abundância e irresistivelmente gostosa. É oferecida durante manhã, tarde e noite incansavelmente e é também incansavelmente aceita. Minha explicação para tantos comes e bebes é a falta do que fazer.

As pessoas, em sua maioria são mais velhas e crentes do catolicismo. Essa crença demasiada é que me leva a acreditar em alguma “maldição”.

A paisagem é de uma beleza admiravelmente exuberante, principalmente do local onde está localizada a casa de minha avó. Vemos grandes campos verdes e, quase no fim do horizonte, uma estátua do Cristo.

A casa de minha avó é grande e aconchegante. Numa rua sem saída totalmente tranqüila. Um banquinho confortável na sombra de algumas árvores. E verde, muito verde. E azul, amarelo, branco. Muitas flores. Inúmeras borboletas. E o barulho contínuo do córrego que no final do morro fluí.

Cada objeto, cada pessoa, cada lugar, cada canto e encanto constroem parte da minha infância. E saber que talvez, daqui uns anos, tudo isso não exista mais me dói profundamente. Lembro e relembro cada momento, para tê-los ao menos em minha memória. E o que fica é a saudade. 


quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

VÍCIO

A cada dia que se passa você afunda o teu espírito em mágoas e o teu corpo no vício. Pergunto-me se você não percebe a auto-destruição que cometes diariamente.
Mas parece que você se sente bem ao fazê-lo. Destruir-te. Destruir-me. Sinto-me inútil por não conseguir deter os seus impulsos. Minhas palavras não te tocam mais, o teu corpo está possuído pelo ódio e pelo vício. Estabeleceram-se barreiras inultrapassáveis em torno de ti.
Tento quebrá-las, destruí-las com minha bomba de palavras doces, mas nada se move. E a parede continua lá: concreta, cinza e fria.
A provável solução seria o abandono. Talvez. É essa a palavra que destrói os planos. A incerteza do que virá depois. O abandono poderá ajudar-te ou entregar-te cada vez mais a esse ciclo vicioso.
Um punhado de fé – ou talvez ilusão – é o que me mantém ao teu lado. Talvez não firme, nem forte, mas ao teu lado. Isso basta.


sábado, 5 de fevereiro de 2011

Sempre Mais do Mesmo

Monotonia.
Os dias se arrastam devagar, às vezes nem vejo a lua brilhar.
O encanto pelo inusitado se fora, e o vazio agora dentro de mim mora. 
Sempre a mesma rotina, os mesmos discos, os mesmos livros, a mesma cafeína. 
O gosto amargo e onipotente se torna cada vez mais presente. 
Dessa vez a derrota não é passageira, pois sonhei com você a noite inteira.
Não vejo mais sentido nesse mundo, para mim é apenas um aglomerado imundo. 
E quando me lembro do que perdi, a minha única vontade é sair daqui.
Correr sem direção, mas não! Isso tudo não pode ser em vão.
Mas acontece que eu já não acredito mais no destino do meu coração.
Isso acontece quando você se esquece 
Que nem tudo tem sua razão.







terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Eu não queria isso novamente, mas a vida é movida pelo amor. E, consequentemente, pela dor.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Depressão Pós-Filme

Você sempre tem que lembrar que a vida é como um filme. Porém, com um elenco que você conhece e com um diretor inusitado: você. A sua trama é você quem edita, escolhe a trilha sonora, o cenário e as consequências dos atos das personagens que dela participam.


Mas, lembre-se também, que não existe apenas um filme. Bilhões, trilhões. E nesses, você não pode mandar. Hoje pode estar indo tudo bem nas gravações, mas vá com cautela: amanhã poderá ser o dia da sua demissão daquele curta-metragem. Como em qualquer outro emprego, você precisa ser útil, conveniente e bom no que faz. A partir do momento em que você se torna insignificante, já era!

Porém, nunca desista, nunca afunde, nunca tenha “depressão pós-filme”. Pois, se existe um diretor que não vê utilidade em você, podem existir muitos outros que tem sua presença como algo crucial. Sempre haverá! Basta olhar com mais carinho a sua volta.